Na última quinta-feira, 13 de junho, o Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra) e o ACNUR, a agência da ONU para Refugiados, trouxeram relatórios com dados atualizados sobre o deslocamento forçado e o refúgio, tanto no âmbito global quanto no Brasil.
O relatório “Tendências Globais”, do ACNUR, revelou que até dezembro de 2023 havia 117,3 milhões de refugiados e deslocados internos no planeta. Esse número representa um aumento de 8% em relação a 2022 e evidencia a tendência de crescimento do deslocamento forçado nos últimos doze anos. O relatório projeta que em abril deste ano, o número de pessoas em deslocamento forçado teria alcançado 120 milhões.
Conflitos como a guerra no Sudão e em Gaza contribuíram significativamente para o aumento do número de deslocados. No Sudão, mais de 11 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas, com 2 milhões fugindo para países vizinhos. Em Gaza, 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas, representando cerca de 80% da população local.
Há outros conflitos que continuam a gerar refugiados e deslocados, como em Myanmar, Afeganistão, Ucrânia, República Democrática do Congo, Somália, Haiti, Síria e Armênia. O relatório também destaca o impacto crescente da crise climática sobre os deslocamentos forçados.
O Afeganistão voltou a ser o país com o maior número de refugiados, totalizando 6,4 milhões, seguido pela Síria com seus 6,4 milhões, a Venezuela com 6,1 milhões, Ucrânia com 6 milhões e Sudão com 1,5 milhão.
Os países que mais acolhem refugiados, conforme o relatório, são o Irã com 3,8 milhões, Turquia com 3,3 milhões, Colômbia com 2,9 milhões e Alemanha com 2,6 milhões. 69% dos refugiados no mundo são acolhidos por países vizinhos e 75% dos locais de acolhimento de refugiados são países em desenvolvimento.
Já no Brasil, conforme o relatório “Refúgio em Números”, em 2023 somaram-se 143.033 pessoas reconhecidas como refugiadas. Ao todo, foram analisadas 138.359 solicitações de refúgio, um recorde histórico do Conare (Comitê Nacional para Refugiados). Os refugiados venezuelanos constituem a maior população no país, com mais de 75 mil pessoas reconhecidas. Outras nacionalidades destacadas incluem cubanos, afegãos e sírios. Entre os solicitantes, há um número significativo de haitianos, que não se enquadram nos critérios de refúgio do governo brasileiro, além de nepaleses, vietnamitas e angolanos.
O relatório sublinha a necessidade de desenvolver políticas públicas capazes de atender a um cenário migratório cada vez mais complexo e dinâmico.
Fonte: Global Trends (ACNUR) e Refúgio em Número (OBMigra)