O Dia dos Pais não é comemorado na mesma data em todos os lugares do mundo. Sua origem remonta ao início do século 20, nos EUA. Após uma explosão em uma mina de carvão, em uma pequena cidade chamada Monongah, que vitimou 250 pais, a cidade vizinha de Fairmont decidiu celebrar a honra desses homens, e assim nasceu a data.
Em 1910, em outro ponto dos EUA, Sonora Smart Dodd decidiu criar também uma data para celebrar seu pai, que havia criado seis filhos sozinho. Desta forma, em 19 de junho (data do aniversário dele), a Associação Cristã de Moços de Spokane, em Washington, também criou seu Dia dos Pais.
As comemorações se espalharam ao longo de todo o país, mas sem uma data oficial, até que em 1966, o presidente Lyndon Johnson designou o terceiro domingo de junho como Dia dos Pais. E em 1972, o presidente Nixon sancionou a lei que tornou o dia feriado nacional.
Dia dos Pais no Brasil
No Brasil, a motivação para a celebração do Dia dos Pais foi puramente comercial. O publicitário Sylvio Bhering, diretor do jornal e da rádio Globo, pensou na data como um impulso para vender anúncios, em 1953. E definiu a comemoração para 16 de agosto, dia de São Joaquim, pai de Maria mãe de Jesus, já que a maior parte da população brasileira era de católicos.
Nos anos seguintes, a data também foi sofrendo alterações conforme se popularizava, até que foi estabelecida no segundo domingo do mês de agosto, para que sempre caísse em um final de semana.
Pais sem fronteiras
A data da comemoração muda de país para país, mas o sentimento do personagem que a data enaltece viaja junto seja para onde for. Aliás, para quem foi obrigado a abandonar seu país de origem para buscar melhores oportunidades de sobrevivência, a motivação para o deslocamento é, justamente, seus filhos.
O mundo já se comoveu com imagens fortes, como a do pai e filha que morreram abraçados ao tentar atravessar um rio para entrar nos EUA recentemente. Mas também existem histórias mais felizes, de pais que conseguem comemorar a data em outros países.
Segundo o mais recente relatório do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), em dezembro de 2018, eram 11.231 pessoas refugiadas reconhecidas e outras 161.057 solicitando reconhecimento no Brasil. Muitas das famílias que deixam seus países de origem saem com filhos pequenos buscando um futuro melhor para eles, assim como outros acabam tendo filhos que nascem no país escolhido para viver, conquistando sua nacionalidade.
É o caso, por exemplo, do sírio Mohammad Al Hariri, que chegou no Brasil em abril deste ano, após passar seis anos no campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia. Chef de cozinha, ele viu na vinda para o Brasil como uma chance de dar uma vida melhor para seus três filhos, Hamzza, de 6 anos, Jody, de 4, e Haya, de 3 meses, essa nascida no Brasil. No caso dos dois primeiros, que nasceram em um acampamento, nunca tinham visto uma cidade até chegarem ao Brasil.
“A vida aqui será mais segura e o futuro mais brilhante, e com melhores escolhas. As oportunidades de aprendizado serão muito mais amplas do que no acampamento de Zaatari”, fala Mohammad.
Na Síria, assim como em outros países árabes, a data é celebrada em 21 de junho, primeiro dia do verão. Mas a data não importa. Para Mohammad, o papel de pai é fundamental para a estrutura familiar. “Em nossa sociedade árabe, os pais assumem total responsabilidade por seus filhos e tem um papel importante na casa, como o de proporcionar uma vida de dignidade e segurança para seus filhos e sua esposa”, diz ele.
Caso um pouco diferente é o do nigeriano Shakiru Kareem, que chegou ao Brasil em 2014. Ele dá aulas de inglês e tem dois filhos, Marzuq, de 4 anos, nascido na Nigéria, e Maqil, brasileiro, com 1 ano de idade.
“Pretendo que eles cresçam aqui, mas quero também levá-los para conhecer o país natal de seu pai”, conta Shakiru. Na Nigéria, a data é comemorada em 26 de junho. “Não chegamos a comemorar tanto como aqui, mas algumas pessoas dão presentes a seus pais”, revela.
A condição de refugiado não muda em nada a condição de ser pai. Tanto Mohammad quanto Shakiru conhecem as dificuldades de ser um refugiado, mas não se abalam com isso. Pensam mesmo é no futuro dos pequenos. “Meus filhos não entendem ainda a questão do refúgio. Eles se veem como brasileiros, e assim serão mesmo”, diz Shakiru.