Difícil imaginar como é possível contar, em 50 minutos, toda a história das migrações internacionais, desde que o homem saiu da África para conquistar o mundo. Ainda mais de uma forma bem humorada. E foi o que conseguiu fazer Leandro Karnal, na palestra “O Mundo em Movimento”, na última terça-feira, dia 03/09. O evento foi promovido pelo Instituto Adus, em parceria com o Teatro Liberdade.
A abertura foi do também historiador e professor Luiz Estevam Fernandes falando sobre o que nos torna humanos. E vem dele a frase “Ser humano é ser diverso”, que marcou as discussões da noite.
“Eu olho para vocês e vejo pessoas diferentes, com cabelos diferentes, feições diferentes, cores de pele diferentes. E isso me dá a certeza que somos todos miscigenados”. Com essa frase, Karnal abriu uma discussão polêmica nos dias atuais, em virtude da enorme mobilidade humana causada por uma das maiores crises humanitárias da nossa história.
Entre frases marcantes como “o medo é o pai e mãe do preconceito e nos torna idiotas” e “todos nós somos filhos de deserdados da terra”, as 400 pessoas presentes participaram não apenas de uma aula memorável de história, mas também tiveram muitas oportunidades de reflexões sobre nosso papel como seres humanos habitantes do Planeta Terra, a verdadeira casa de todos nós.
Questões como xenofobia, preconceito e o “medo do diferente” foram trazidas pelo historiador como atitudes presentes em toda a nossa existência, e que deveriam ser combatidas. “Ninguém sai do seu país por estar muito feliz”, disse ele.
Para Marcelo Haydu, diretor do Instituto Adus, “é fundamental para a causa dos refugiados poder contar com pessoas tão influentes e engajadas. Dessa forma, conseguimos levar informação de qualidade, quebrando barreiras e estereótipos, sensibilizando cada vez mais pessoas, processo fundamental para uma sociedade mais justa e acolhedora”.
O sírio refugiado e ativista de direitos humanos Abdulbaset Jarour considera os ensinamentos do historiador não apenas uma palestra, mas uma lição de vida. Para ele, que chegou no Brasil há 5 anos, “a história mostra que o ser humano é cruel, carrega muito ódio e preconceito e isso é muito triste porque nós somos filhos da mesma terra, somos a beleza da terra”.
Uma das grandes reflexões trazidas pelo historiador, e a que deveria permear toda e qualquer discussão sobre imigração e refúgio é a afirmação que por séculos temos construído muitos muros e poucas pontes. Marcelo Haydu completa: “Assim como o professor Karnal, acreditamos que o papel de todos nós, indivíduos e sociedade civil organizada, é construir pontes, conexões, ou seja, devemos ser facilitadores no processo de aproximação e integração das pessoas, independente de raça, religião, nacionalidade ou orientação sexual. O Adus tem feito sua parte, auxiliando milhares de pessoas por meio de seus programas. Vamos, juntos, construir um mundo mais solidário e justo, para todos!”
Texto: Andréa D´Alessandro
Fotos: Bianca Sakai