A importância de ouvir para melhor ajudar os refugiados foi o tema que marcou o 2º. Encontro Anual de Voluntários do Instituto Adus.
Na palestra da jornalista Jéssica Paula, autora do livro “Estamos Aqui”, os voluntários puderam entender a importância de ouvir as histórias daqueles que chegam para compreender melhor a situação de refúgio, e poder ajudar da maneira mais apropriada.
O livro, que conta a história da viagem de Jéssica à Etiópia, Sudão, Sudão do Sul e Uganda em 2013, também é o relato de diversas vítimas de conflitos na região. Entre outras histórias estão as de crianças que são aliciadas para as guerras e as de pessoas que vivem em situação de refúgio em países vizinhos, por conta da insustentável situação em seus países de origem.
Além do livro, Jéssica também contou sobre sua experiência em Roraima, onde cobriu a chegada de venezuelanos ao país fugindo da fome e da violência, e relatou algumas situações de pobreza no Nordeste e Norte do Brasil. Segundo ela, há uma semelhança triste nas situações em que relata: a pobreza e o preconceito aliado à meritocracia. “Como uma pessoa que fugiu de uma guerra e vive com poucos dólares por mês pode pensar em mérito para conseguir o que quer?”, questionou.
Autora do projeto “Estamos Aqui”, que conta a história de pessoas em situação de extrema pobreza através de reportagens e repassa o arrecadado para que eles tenham acesso a direitos básicos, Jéssica disse ainda que, através da produção de conteúdo, é possível solucionar problemas que, até então, eram invisíveis.
Durante a palestra, Jéssica ressaltou também a necessidade de contar as histórias e de refletir sobre elas. “A gente tem que ajudar, mas sem o paternalismo de achar que já sabemos do que eles precisam, do que eles querem”, apontou. “É preciso ouvir as pessoas e suas histórias, mesmo que elas estejam em silêncio”, afirmou Jéssica, que afirmou que o lugar de fala dos refugiados são deles mesmos, e que aquele que o ouve deve ser um porta-voz para trazer mais ajuda.
Logo após a palestra, o momento de integração entre os voluntários teve direito a bolo para os aniversariantes do mês e muitas risadas.
A trilha sonora ficou por conta do togolês Tyno Val, que trouxe para o evento suas próprias composições. Segundo ele, “elas refletem sua vida e seus aprendizados, desde sua infância no Togo até sua mudança para o Brasil”.
O encontro cumpriu seu objetivo de integração entre os que atuam no instituto, e muito aprendizado e reflexão sobre a causa do refúgio..
Texto: Carolina Pulice