Parte do trabalho de instituições humanitárias também consiste na construção de ações que proporcionem maior interação e meios de socialização entre a comunidade refugiada e os indivíduos de dentro e fora dos espaços de acolhimento.
No dia a dia, os métodos de aproximação costumam ter o compartilhamento de conhecimentos como fator primordial. Deste conjunto de ideias e vivências que surgem do diálogo, a cultura surge como uma maneira de estreitar laços, gerar empatia e quebrar preconceitos.
No aspecto humano, trocas culturais são espontâneas. Falar sobre crenças, tradições, gírias e práticas, por exemplo, pode sim promover afetividades em conversas. Mas, em um espaço de acolhimento para pessoas refugiadas, como podemos entender os limites das ações promovidas para distinguir o que é apropriação cultural e intercâmbio cultural?
Para entendermos a apropriação neste cenário, é importante lembrar que esse tipo de violência muitas das vezes passa despercebido, não é notado e nem problematizado. A apropriação cultural ocorre em casos em que indivíduos fazem uso de elementos da cultura por um membro ou membros de uma cultura diferente.
Diversos símbolos, vestimentas e comportamentos não podem ser replicados. São características que constituem a história do povo pertencente à uma nação. Esse valor não pode ser mensurado em níveis de importância. Seu simbolismo é significativo por ser tanto religioso quanto particular do povo em questão.
O malefício da apropriação cultural leva conceitos e interpretações de uma cultura sem aceitar a cultura em si ou, sem entender ou honrar a ideia ou a prática por trás dela. Para uma comunidade refugiada isso pode soar desrespeitoso, desonesto, entristecedor e opressor.
Por outro lado, o intercâmbio cultural é definido por ações e sentimentos diferentes. A troca possui uma nova percepção ao considerar e homenagear a história, legado e lutas de uma cultura como óticas essenciais para retratá-la com autenticidade. Existe também a preocupação de peças de entendimento mútuo, igualdade e respeito para esta ser uma troca verdadeira.
A legitimação de uma troca cultural ocorre quando as culturas querem e fazem acontecer para uma aprender sobre a outra. Esse processo, que também é afetivo, possibilita que pensamentos estereotipados e racistas sejam extintos.
Ao desempenhar práticas de acolhimento e socialização para pessoas refugiadas, é fundamental que pessoas refugiadas (re)pensem as interações de forma humanizada e respeitosa. Tais práticas devem englobar todas as esferas do trabalho humanitário, principalmente, a parte educativa e informativa.