Migrantes e mercado de trabalho. Os desafios da inserção profissional no Brasil em 2025

A busca por melhores condições de vida leva milhares de pessoas migrantes e refugiadas a reconstruírem suas trajetórias no Brasil. No entanto, a inserção no mercado de trabalho continua sendo um dos maiores desafios enfrentados por essa população. Em 2025, apesar dos avanços em políticas públicas e iniciativas privadas, barreiras estruturais ainda limitam o acesso dos migrantes a empregos formais e oportunidades condizentes com suas formações e experiências.

Muitos migrantes e refugiados chegam ao Brasil com formações acadêmicas e experiências relevantes, mas encontram dificuldades na revalidação de seus diplomas. O processo burocrático, demorado e custoso inviabiliza, em muitos casos, a atuação profissional na área de formação, levando essas pessoas a ocuparem postos de trabalho aquém de suas qualificações. As barreiras linguísticas e culturais também são um problema. A comunicação é essencial para a inserção no mercado de trabalho, e a falta de fluência em português se torna um grande obstáculo. Muitos empregadores também não estão preparados para lidar com a diversidade cultural, o que pode gerar desconfiança e discriminação. 

Migrantes e refugiados frequentemente enfrentam preconceitos que dificultam sua contratação. O desconhecimento sobre suas origens e culturas, aliado a estereótipos negativos, contribui para a marginalização dessa população no mercado de trabalho. Sabemos que a busca por emprego no Brasil depende, em grande parte, de redes de relacionamento e indicações. Para os migrantes recém-chegados, que ainda não possuem contatos profissionais no país, essa limitação reduz as chances de conseguirem boas oportunidades de trabalho.

Nos últimos anos, diversas iniciativas têm sido implementadas para reduzir essas barreiras. Programas de capacitação profissional, oferecidos por organizações sociais e empresas, ajudam esse grupo a desenvolverem habilidades técnicas e a aprenderem o idioma. Empresas e instituições têm adotado políticas de diversidade e inclusão, criando vagas específicas para migrantes e promovendo um ambiente de trabalho mais acolhedor.

Um exemplo de iniciativa bem-sucedida é o Programa Capacitação e Geração de Renda do Instituto Adus. O programa capacita migrantes e refugiados para o mercado de trabalho com o objetivo de gerar emprego, aumentar a renda e valorizar profissionalmente essa população. Além disso, o Adus oferece suporte legal para inclusão laboral, conecta migrantes a vagas alinhadas à sua realidade socioeconômica e sensibiliza o setor privado sobre responsabilidade social. Esse trabalho envolve a alta liderança das empresas e times de RH, Diversidade e Inclusão e Talentos, promovendo um ambiente mais receptivo e igualitário para todos. Em 2024, mais de 3.300 pessoas de 49 nacionalidades foram atendidas, e 175 delas conquistaram emprego formal, além de 128 parcerias firmadas com empresas contratantes, com 2.779 vagas abertas.

Há também um crescimento na oferta de cursos gratuitos de português, na facilitação do processo de revalidação de diplomas e no incentivo ao empreendedorismo entre migrantes, permitindo que muitos consigam iniciar seus próprios negócios e gerar renda de forma independente. A inclusão dessa população não é apenas uma questão de direitos humanos, mas também uma oportunidade para o desenvolvimento econômico e social do país. Empresas, governos e sociedade civil têm um papel fundamental para garantir que migrantes e refugiados possam contribuir plenamente com suas competências e talentos, construindo um futuro mais justo e igualitário para todos.