No dia 21 de março, o mundo celebra o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, uma data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória do Massacre de Sharpeville, ocorrido em 1960 na África do Sul, quando 69 pessoas negras foram assassinadas durante um protesto pacífico contra as leis do apartheid. Mais de seis décadas depois, a luta contra o racismo persiste, e no Brasil, a questão se torna ainda mais complexa quando analisamos a realidade da população migrante e refugiada.
O racismo estrutural impacta diretamente a vida de migrantes negros e indígenas, que muitas vezes enfrentam múltiplas camadas de discriminação. Além das barreiras linguísticas e burocráticas, muitos encontram obstáculos no acesso a emprego, moradia e serviços básicos, sofrendo também com a xenofobia, que frequentemente se manifesta de maneira racializada. No Brasil, haitianos, senegaleses, angolanos e congoleses, por exemplo, são alvos constantes de preconceito, sendo sub-representados em posições de maior qualificação e mais vulneráveis ao trabalho informal e à exploração.
A interseccionalidade entre raça e status migratório evidencia como o racismo e a xenofobia se cruzam, criando um cenário de desigualdade ainda mais severo. É sabido que migrantes negros enfrentam mais dificuldades para serem contratados e, quando empregados, recebem salários menores em comparação a outros grupos migrantes e à população brasileira branca. Mulheres negras migrantes sofrem ainda mais, sendo frequentemente direcionadas para empregos precários no trabalho doméstico e na construção civil, setores marcados por baixa remuneração e direitos trabalhistas frágeis.
É fundamental que o combate à discriminação racial inclua políticas públicas que garantam a inclusão de migrantes e refugiados no Brasil. O acesso à regularização migratória, ao mercado de trabalho digno e à proteção contra a discriminação racial deve ser fortalecido por meio de iniciativas governamentais, empresariais e da sociedade civil. Programas de capacitação profissional, campanhas de conscientização e a ampliação da representatividade de migrantes negros e indígenas em espaços de decisão são passos essenciais para um país mais igualitário.
Neste Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, o Instituto Adus reforça seu compromisso em promover a inclusão e a igualdade para todas as pessoas migrantes e refugiadas, independentemente de sua origem ou cor de pele. Somente com um esforço coletivo poderemos construir uma sociedade mais justa, livre do racismo e da xenofobia.