A relação entre clima e migrações é um tema de crescente relevância no contexto global, e o continente latino-americano não é exceção. As mudanças climáticas, impulsionadas pela atividade humana, estão causando impactos devastadores na região, forçando comunidades inteiras a se deslocarem em busca de segurança e meios de subsistência. O aumento do nível do mar, eventos climáticos extremos como tempestades e enchentes, a desertificação e a escassez de água estão tornando áreas que eram habitáveis agora inóspitas.
O relatório Groundswell do Banco Mundial enfatiza a preocupação crescente em relação à região. A América Latina, caracterizada por sua rica diversidade geográfica e climática, enfrenta uma série de desafios relacionados à mudança climática que impactam diretamente as populações locais. Segundo o relatório, estima-se que até o ano de 2050, cerca de 17 milhões de migrantes climáticos deverão deixar seus lares, representando mais de 7% do total global previsto para o mesmo período.
Em países da América Central, como Honduras, Guatemala e El Salvador, a degradação ambiental está exacerbando a pobreza e a violência, levando muitas pessoas a fugirem em busca de proteção. O mesmo se aplica a nações da América do Sul, onde a Amazônia enfrenta um desmatamento alarmante. Estes eventos têm o potencial de destruir comunidades inteiras, principalmente indígenas e ribeirinhas, forçando as pessoas a abandonarem suas casas em busca de segurança e recursos básicos.
As consequências do aquecimento global, que acarretam o derretimento das geleiras, também são evidentes em países como Peru, Bolívia e Chile, onde as fontes de água potável são cada vez mais afetadas, criando pressões adicionais sobre a população que depende desses recursos. Além disso, a elevação do nível dos mares ameaça as áreas costeiras densamente povoadas, tornando muitas regiões vulneráveis ao deslocamento. A agricultura, que é uma parte crucial da economia em muitos países latino-americanos, está sofrendo com a imprevisibilidade do clima, podendo agravar os problemas sociais.
Em entrevista para o portal G1, o vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial, Juergen Voegele, disse que “Os impactos das mudanças climáticas são cada vez mais visíveis. Acabamos de viver a década mais quente já registrada e estamos vendo eventos climáticos extremos em todo o mundo, com mudanças no clima da Terra ocorrendo em todas as regiões”.
Para enfrentar o impacto do refúgio climático na América Latina, é necessário um esforço global para mitigar as mudanças climáticas, bem como investir em adaptações e programas de resiliência nas comunidades mais vulneráveis. Além disso, a cooperação regional e internacional é fundamental para garantir que os direitos e a dignidade das pessoas descoladas sejam protegidos, e para promover uma abordagem compassiva e solidária em relação a essas populações que enfrentam uma crise que não escolheram, mas que todos nós compartilhamos a responsabilidade de resolver.