“A ideia da visita é não só levar o conhecimento sobre a causa dos refugiados, mas trazer nossa experiência para as pessoas que se interessam pelo tema”, afirmou Louis Phillip, responsável pelas visitas ao Instituto Adus.
As visitas, que são feitas no terceiro ou quarto sábado de cada mês, das 14h às 15h30, tem como objetivo, segundo Louis, mostrar a organização e desmistificar a questão da migração.
Como uma porta de entrada para o universo do refúgio, as visitas fazem parte da programação do Adus, que busca “ser transparente e quebrar o viés negativo que as pessoas podem ter sobre o tema”. A necessidade é urgente, uma vez que o número de migrantes e de pessoas que pedem o status de refúgio no Brasil aumenta a cada ano.
Segundo dados do Relatório Anual de Migração no Brasil, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, entre 2011 e 2018, foram registrados no Brasil 206.737 solicitações de reconhecimento de refúgio. Grande parte deles em São Paulo. Não é à toa a necessidade de instituições como o Adus na maior cidade do país, que mantém seu papel de auxiliar os refugiados em três principais eixos: Aulas de Português, Trabalho e Renda e projeto Mente Aberta.
A voluntária Guacira Luane, responsável pela apresentação do instituto no último dia 24 de agosto, afirma que existe uma demanda por questões jurídicas. “O Adus também é muito procurado por muitos que não sabem como lidar com a documentação”, afirma. Ela ainda ressalta que os projetos do instituto auxiliam no desenvolvimento e na autonomia dos refugiados. “Queremos dar ferramentas para as pessoas se desenvolverem com autonomia”, completa.
O resultado da apresentação é visível. As perguntas começam a surgir, mas no lugar de respostas, aparecem discussões. Para Louis, essa é uma qualidade das visitas, que são planejadas por ele e pela equipe de voluntários de recursos humanos desde 2017. “Temos sempre muitas informações, o que estimula as discussões. Queremos mais bate papo do que palestra”, afirma.
Logo no fim da visita, a jornalista Maria Teresa de Sousa disse que ficou muito interessada no assunto, e que a troca de informações a inquietou para novas questões. Ela diz ainda que vai se candidatar a voluntária do Adus, para dar aulas de português.
Além das discussões e das trocas de conhecimento, a visita é incrementada com a experiência real de refugiados. Makiesse Madalena Pedro, angolana de 25 anos, participou da visita. No fim do encontro, ela contou sua história, os desafios e os sonhos em São Paulo, seu lar há quatro anos. Ela, que está cursando Recursos Humanos, sonha terminar a faculdade, ter sua própria casa e um dia ter “seus futuros filhos correndo pela casa”.
Texto: Carolina Pulice
Fotos: Thiago Miabara